No último dia de evento, o encantamento de uma fã de animes no mundo dos cosplayers em forma de coluna
Thiago Motta
“Jesus, eu ‘tô’ no céu!”. Com essa frase e um brilho nos olhos de encantamento, a jovem Rebecca Batista (16), iniciou sua aventura pela Anime Friends 2022, durante o último dia de evento. Escolhi a palavra aventura, mas poderia ser jornada, descoberta, encantamento, enfim, adjetivos não faltam.
Pude acompanhar toda a visita da Rebecca, junto com outros dois amigos aqui do Diversório. E foi um dia marcante, para dizer o mínimo. Foi a primeira vez da Becca – como ela gosta de ser chamada -, em um evento do tipo, especialmente na cultura de animes.
Os olhos brilhavam e percorriam todo o pavilhão do Anhembi e a cada cosplay avistado era um grito de surpresa, encantamento e satisfação com as caracterizações dos personagens. “Gente, que coisa linda! Olha essa roupa. Acho que vou surtar!”, gritava. Garanto que ela não surtou, mas ficou em êxtase!
As sensações, as expressões e os gritos de satisfação me fizeram perceber que eu estava presenciando alguém que se conectava com um sentimento puro dentro de si – aquela “criança” que nunca deve deixar de existir.

(Foto: Diego Santos)
Entre um “catapimbas” e outros adjetivos, ouço um grito: “Aí meu Deus, ele tá ali!”. Ele, um cosplay de Deadpool, que ao perceber o encantamento dela, faz graça, rebola, beija a mão e abraça. Ela, sem saber o que fazer, deixa a emoção fluir, abraça o herói (ou anti-herói), deixa as emoções fluírem e as lágrimas rolarem.
A surpresa e a boca aberta na hora de estar com o Bob Esponja há poucos metros de distância fez um paralelo ao se deparar com um Homem Aranha ao seu lado e ser convidada para “ser a Mary Jane”. Nota da redação: ela só percebeu que era uma cantada horas depois.
Vi muitas Rebeccas ali naquele dia: aquela que a cada encontro com o Deadpool não sabia o que fazer – a que se encantava com as roupas e a que se sentiu livre para correr como nunca, para ver uma luta de MMA. Não era MMA, claro, mas sim, uma daquelas exibições de Telecatch, muito comum nos anos 1970 e 1980. “Eu sempre quis ver uma luta dessa!”. E ali surgiu outra Rebecca, que berrava a cada golpe, gritava, torcia e se impressionou ao ver tudo tão de perto.
A empolgação só foi interrompida quando se deparou com uma versão assustadora da Morte atrás de si. Passado o susto, ouço a trollagem: “E aí morte, só na vida boa, né?”. Hilário, e mostra bem como ela estava “tirando onda” de cada momento.
Quando me dei conta, ela e seus novos amigos estavam correndo, perguntando se “alguém tinha visto Jesus por aí”. “Ele está de óculos”. A corrida acabou ao se deparar com um cosplay dele, com um sabre de luz na mão e óculos juliet. Claro, não poderia faltar o registro do momento!
Ela aproveitou cada segundo, cada encontro, como se não quisesse que o dia acabasse. O dia acabou, depois de levar alguns souvenirs para casa. Mas de uma coisa eu tenho certeza: não vai sair da memória dela e de quem acompanhou essa menina/jovem realizar um sonho.
“Foi o melhor dia da minha vida!”, exclamou por diversas vezes, agradecendo a oportunidade. Sabe Rebecca: no fundo é a gente que agradece a oportunidade de poder ter vivenciado esse dia com você. E na próxima vamos todos de cosplay, combinado?!