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Crítica – Cidade Perdida

Com Sandra Bullock, Channing Tatum, Daniel Radcliffe e Brad Pitt, filme mistura aventura com comédia romântica e consegue agradar o público

Por Antonio Lemos

(Foto: divulgação)

A pandemia ainda não foi embora, mas, aos poucos os cinemas retornam ao seu normal com boas produções a fim de deixar o público grudado na telona. A Paramount lança no próximo dia 21 de abril mais um daqueles filmes de aventura que junta grandes templos e civilizações antigas, misturado com comédia e uma pitadinha de romance. Essa é a proposta de ‘Cidade Perdida’, protagonizado por Sandra Bullock e Channing Tatum durante ao longo de suas quase duas horas.

Loretta Sage (Sandra Bullock) é uma escritora de romances bestseller, inspirados em histórias reais da arqueologia, baseado nas descobertas do seu falecido marido. Mesmo com clima de luto, ela consegue lançar mais um livro, do qual o modelo de capa Alan (Channing Tatum) recebe mais atenção do que a protagonista. No entanto, durante a turnê de promoção do exemplar, ela é raptada pelo bilionário excêntrico Abigail Fairfax (Daniel Radcliffe, o “Harry Potter”), pois acredita que ela poderá ser a chave para descobrir a cidade perdida de “Z”, e um tesouro incalculável ‘Coroa de Fogo’.

Para provar que é possível ser um herói na vida real, não somente nas páginas de seus livros, Alan parte para resgatá-la, mas o jeito atrapalhado e desengonçado arranca risadas do público, e tem que apelar a Jack Trainer (Brad Pitt) para cumprir parte da missão. Forçados a viver uma aventura épica na selva, o par improvável precisa trabalhar junto para sobreviver e encontrar o antigo tesouro, antes que seja perdido para sempre.

O filme te prende pelo seu tom cômico com a dupla de protagonistas mostrando química e o carisma, fazendo com que o espectador não se canse e queira que a dupla alcance o objetivo final, passando por algumas pitadas de

aventura como subir montanhas, fugir de bandidos seja por terra ou água, e

encontrar lugares que só poderiam aparecer no imaginário dos livros de Loretta.

Além de Bullock e Tatum, o longa conta com um bom elenco para não deixar a peteca cair. Daniel Radcliffe mostra que há vida após ‘Harry Potter’ e prova ser um ator fora da tal zona de conforto. Já a participação de Brad Pitt, por mais que seja curta, é uma das melhores e mais divertidas do filme, misturando frases sábias e dando porrada no exército de Fairfax. Da’Vine Joy Randolph (a produtora Beth Hatten) assim como Oscar Nunez, que saiu da contabilidade da Dunder Mifflin (sim, é o Oscar de ‘The Office’ ) para ser piloto de avião transportador de bichos, estão no segundo quadro, porém, garantem boas risadas.

Se você viu o trailer e ficou empolgado tanto pelas cenas quanto pelo elenco, ‘Cidade Perdida‘ entrega bem ao público pela trama e um bom elenco. Não é nenhum ‘Indiana Jones’ ou ‘A Múmia’, mas, em tempos pandêmicos, o filme vale o entretenimento, comer aquela pipoca e sair do cinema com aquele sorriso no rosto.

Crítica – Sonic 2: O Filme

Continuação do primeiro live-action mantém fiel ao game da SEGA com muita ação e toques de comédia

Antonio Lemos

(Foto: divulgação)

Filmes baseados em videogames têm um longo histórico de decepcionar os fãs. Assistimos, torcemos os nossos narizes e saímos do cinema com aquela cara de que não gostou. No entanto, há luz no fim do túnel, Brasil! A parceria SEGA e Paramount rendeu bons frutos com  ‘Sonic: O Filme’ (2020) ao conquistar o público apostando em uma aventura simples e divertido para toda família. Dois anos depois, a receita é a mesma com sua continuidade ‘Sonic 2: O Filme’, com boas pitadas de ação e comédia para atrair nossas atenções. 

Depois dos eventos do primeiro filme, Sonic decidiu ficar em Green Hills e agora quer ser um herói chamado Justiça Azul, porém, é imaturo demais para exercer tal função. O ouriço mais rápido dos games é adotado pelo casal Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter), que o acolheram em sua casa como um filho, porém, o retorno do excêntrico Dr. Ivo Robotnik (Jim Carrey) deixa tudo de cabeça para baixo.

Além do personagem de Carrey, Knuckles, um guerreiro equidna também chega com o objetivo de destruir Sonic. Para impedir a dupla, Tails, uma raposa (bem inteligente, diga-se de passagem) vem de outro mundo com o objetivo de ajudá-lo e conhecer o seu herói.

A narrativa da história é simples: há um diamante poderosíssimo perdido em algum lugar do Planeta, onde, quem possuir terá grandes poderes. Sonic tem o mapa, e com a ajuda de Tails, tenta chegar antes dos vilões. Para quem gosta dos games, a adição desses personagens deixa a aventura mais próxima do clássico da SEGA, como fugir de drones, mísseis e duelos corporais. Temos a sensação de estarmos dentro do jogo e subindo cada nível até o objetivo final.

Em termos técnicos, o roteiro escrito por John Whittington, Pat Casey e Josh Miller traz um lado cômico com referências à cultura pop, uma pitada de clichês e humor no ponto certo para que o elenco se destaque, como é o caso de Jim Carrey, que mesmo interpretando um vilão continua sendo engraçado como sempre.

No geral, ‘Sonic 2: O Filme’ é um bom passatempo para todos os públicos, com a produção fazendo o simples e sem invenção, ainda mais quando há uma cena pós-créditos para prender todo mundo e aquela sensação de termos o terceiro longa. Sim galera, teremos o ‘Sonic 3’, de acordo com o diretor Jeff Fowler. Enquanto a continuação não chega, as aventuras do ouriço azul mais rápido dos games estreia nos cinemas em 7 de abril.

Crítica Cobra Kai – Uma temporada para aplaudir de pé

Nova temporada mostra que a Netflix acertou em cheio ao deixar com a “sua cara”, mas sem decepcionar os fãs

Por Antonio Lemos

4ª temporada de Cobra Kai já está na Netflix. (Foto: divulgação)

Ter um estilo agressivo ou conservador? Ofensivo ou defensivo? Somos acostumados a ver/ouvir no nosso no futebol e nas artes marciais não poderia ser diferente. Os lutadores em questão precisam de um verdadeiro jogo mental para induzir o seu oponente se vai golpear primeiro ou ficar no “banho-maria”. É nesse mote que a 4ª temporada de ‘Cobra Kai’, disponível na Netflix, aborda nos seus 10 episódios e não decepciona os fãs da franquia ‘Karatê Kid’ com cenas de ação para tirar o nosso fôlego, trilha sonora de respeito e alguns pontos de interrogação a serem resolvidos na próxima temporada.

Senta que lá vem spoiler…

Se os senhores não ligam para spoilers, o seu lugar é aqui! Recordar é viver, e para quem assistiu a última cena da 3ª temporada repararam que os dois senseis – Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka), com o seu Eagle Fang (Presas de Águia) – dividiam o  Miyagi-do em busca de unirem forças contra o Cobra Kai, liderado por John Kreese (Martin Kove).

Meses depois e todos estão nos preparativos para mais um torneio All Valley, com os dois protagonistas precisando deixar a rivalidade de lado. O pacto entre os mestres em que o perdedor fecharia o seu dojô deixou o clima bem acirrado durante os 10 episódios. No primeiro momento parece que dá certo, mas tanto LaRusso quanto Lawrence  são pessoas diferentes, que gostam de competir e têm estilos opostos. Enquanto o discípulo do Mestre Miyagi preza pelo equilíbrio e defesa, além de ensinar os alunos e fazerem círculos para pegar uma carpa no lago, o personagem de Zabka é além do “pé na porta”, gosta de ir ao ataque e seus ensinamentos são tanto quanto desafiadores, como pular de um prédio para outro. Eles podem até se unir por dois, três episódios, mas no fundo sempre serão rivais e a picuinha deles vai parar no túmulo.

O nível começa a subir a partir da metade final da temporada com a “milésima” treta entre LaRusso e Lawrence, e toda aquela troca de experiências entre os dojôs vão para o ralo. Johnny segue com o seu Eagle Fang e querendo recrutar novos alunos, enquanto o Miyagi-do seguia focado para vencer o campeonato. No entanto, duas peças nesse tabuleiro ficam tanto quanto confusos. O casal Samantha (Mary Mouser) e Miguel (Xolo Maridueña) buscavam ser os conciliadores e apaziguarem os ânimos dos senseis. Ao mesmo tempo, seus princípios eram encontrar um estilo próprio juntando o ensinamento dos protagonistas.  “Assim como o bonsai escolhe seu jeito de crescer porque raiz ser forte, você escolhe seu Karatê por mesma razão. Um dia você faz do seu modo”, já dizia Sr. Miyagi em ‘Karatê Kid – A Hora da Verdade’ e o diálogo entre LaRusso e Lawrence mostra que os dois estilos são válidos, dando autonomia para usarem contra os alunos de Kreese.

Para quem pensou que os protagonistas iriam brilhar nesta 4ª temporada, se enganou e os coadjuvantes foram muito bem. Tory (Peyton List) e Eli “Hawk” (Jacob Bertrand) se destacaram e propiciaram grandes momentos de ação, principalmente no torneio. Robby (Tanner Buchanan) passou os 10 episódios movido na base do ódio, mas diminuiu a guarda nas cenas finais e passou a entender o que aconteceu com o pai, Johnny, para ele ter se distanciado do que o fazia mal e nunca ter aprendido a lidar com os fracassos pessoais.

A série também aborda o bullying praticado na escola com o novato Kenny (Dallas Dupree Young) sendo vítima de Anthony (Griffin Santopietro), filho de Daniel. Cansado de sofrer, o garoto procura o Cobra Kai e Robby vira o seu “mestre”. No entanto, o menino, que era animado com a vida, gostava de videogame e nerdice, vira uma máquina de ódio em forma de guri, fazendo tudo errado ao que o filho de Lawrence ensinou.

Diante a tantos personagens, o que realmente ganhou destaque foi o retorno de Terry Silver (Thomas Ian Griffth), diretamente de ‘Karatê Kid 3 – O Desafio Final’ e o seu inconfundível rabo de cavalo (agora totalmente branco). O homem estava numa boa curtindo a nova vida e tocando o seu piano, quando Kreese entrou em ação pedindo sua ajuda. A série, então, acaba colocando o personagem de Kove em segundo plano quando é sabotado por Silver, que se torna o grande vilão da desta e da próxima temporada, mostrando que ainda tem muita garrafa vazia para vender.

No geral, ‘Cobra Kai’ mostra que a Netflix acertou em cheio ao deixar com a “sua cara”, mas sem decepcionar os fãs. Além disso, a trilha sonora com rock de boa qualidade como “You’ve Got Another Thing Comin” do Judas Priest e “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” do AC/DC, dá vontade de pegar a nossa guitarra, arriscar alguns rifs e ficar antenado com a próxima cena. Na escala desse ser que vos escreve, a 4ª temporada só perde para a 2ª, quando houve aquela cena épica da luta na escola. Com duração um pouco maior dos episódios, para quem pensou que ficaria arrastado, se enganou, pois o público fica preso do começo ao fim.

Com alguns desfechos e surpresas, é pedir muito para que a 5ª temporada chegue logo? É bom iniciar a contagem regressiva, meus jovens!

A Família Addams 2: Pé na Estrada – 93 minutos de boas risadas

Sequência da animação leva os Addams a uma aventura maluca e hilariante pelos Estados Unidos

Por Antonio Lemos

(Foto: divulgação)

Devo confessar que, quando o assunto é “A Família Addams”, logo vem na
cabeça aquela sequência de filmes lançados na década de 1990, com aquele grande elenco composto por Anjelica Huston, Raúl Juliá, Christopher Lloyd, Christina Ricci, entre outros. O longa da família mais assustadora do cinema fez sucesso e rendia boas risadas quando era exibido na faixa vespertina. Em 2019, foi o momento para lançar a primeira animação da franquia, que manteve a mesma pegada dos longas-metragens e fez bastante sucesso entre aqueles que não conheciam a história, por conta das cenas divertidas e engraçadas, e com o público mais velho, que acompanhava há 30 anos.

Com lançamento para o dia 28 de outubro (quinta-feira) nos cinemas, “A
Família Addams 2: Pé na Estrada” segue com a mesma essência do seu
antecessor no quesito entreter o público com boas risadas, aborda questões de relacionamentos entre pais e filhos, usa referências com acontecimentos atuais como distanciamento social, álcool em gel e tem uma trilha sonora agradável desde o tema principal da franquia até ‘Ace of Spades’ , do Motörhead.

O filme tem como foco principal a relação de Wandinha (Chloë Grace Moretz) com os seus pais. Seu início tem a apresentação da menina gênio na feira de ciências, demonstrando todo o talento que tem com o tema, usando o seu bom e velho Tio Fester (ou Chico, como preferir) como cobaia. Não quero passar spoiler, mas a tal experiência será determinante para o desfecho do longa. Além disso, por mais que a garota não quisesse a presença da sua família, lá estavam eles para tocarem o terror, literalmente.

Percebendo que as crianças estão em fase de crescimento e não participando dos momentos em família, Gomez Addams (Oscar Isaac) e Morticia (Charlize Theron) organizam uma viagem para atravessar os Estados Unidos e reaproximar dos filhos, principalmente de Wandinha, que gera dúvida se pertence à Família Adams ou não. Eles passam pelos principais pontos do país, como as Cataratas do Niágara (pensou na cena do Pica-Pau, né?), as praias de Miami, com direito a participação do Primo Itt (Snopp Dogg), e por fim, o Grand Canyon e o show pirotécnico nas rochas causado por Feioso (Javon ‘Wanna’ Walton).

A parada final da família é em Sausalito, Califórnia, local onde moram os
“supostos” pais de Wandinha. Durante o caminho, a garota e o mordomo/ Frankenstein Tropeço caminham pela estrada e eis a cena mais engraçada do filme. Rodeados por um grupo de motoqueiros, e ao som de fundo o clássico do Motörhead, a garota pede ao seu empregado que dê um jeito na situação com pequenas doses de violência para então seguir viagem. No entanto, tudo ocorria bem, se não fosse o fato de Tropeço se sentar ao piano, tocar e cantar “I Will survive” (clássico de Glória Gaynor), enquanto os valentões dançavam. O que seria uma típica briga de bar no meio da estrada, vira uma discoteca, muitas gargalhadas e aquele negócio de que “os brutos também amam” faz sentido.

O desfecho todos sabem e “A Família Addams 2: Pé na Estrada” entrega bem no conceito de misturar cenas em 3D com realismo, principalmente na paisagem e vegetação. O núcleo familiar é bem “monstruoso”, como nos longas-metragens, traz seu ícone fantasmagórico e excêntrico aonde quer que vá. Durante seus 93 minutos, a franquia garante boas risadas para todas as idades.

“Halloween Kills – O Terror Continua”: Tenso, brutal e sanguinário

Com Jamie Lee Curtis no papel principal e o horripilante Michael Myers fazendo vítimas, 12º longa da franquia estreia em 14 de outubro

Por Antonio Lemos

Franquia Halloween está de volta aos cinemas. (Foto: divulgação)

Estamos em outubro, mês no qual os norte-americanos comemoram o Halloween (Dia das Bruxas). Nada como a indústria cinematográfica explorar a festividade, não é verdade? Dirigido por diretor David Gordon Green e previsto para estrear nos cinemas em 14 de outubro, ‘Halloween Kills – O Terror Continua’ , sequência do mega sucesso ‘Halloween (2018)’, conta com Jamie Lee Curtis no papel principal de Laurie Strode. Aliás, se os leitores estão por fora, os longas anteriores estão disponíveis nos serviços de streaming. Fica a dica! 

O início da trama mostra a última cena do primeiro filme da nova trilogia, com o brutal e mascarado Michael Myers preso na armadilha criada pela família Strode. Para quem entrou de paraquedas e não acompanhou, em alguns momentos vemos flashbacks muito bem posicionados durante a trama, não só do último filme, mas desde os primeiros filmes da franquia ‘Halloween’, em 1978, mostrando o quão a história de Myers é horripilante. 

Para começo de conversa, lá vem o primeiro (e óbvio) spoiler de que Michael Myers não morreu. Minutos depois de Laurie, sua filha Karen (Judy Greer) e sua neta Allyson (Andi Matichak) deixarem o monstro enjaulado e queimando no porão, a personagem de Curtis é levada às pressas para o hospital com ferimentos graves, acreditando que ela finalmente matou seu torturador ao longo da vida. No entanto, ele consegue se livrar da arapuca e o seu ritual de matança recomeça. 

Não é só Laurie quer que o mal seja derrotado, e sim, todos os moradores de Haddonfield se mobilizam para matar o inimigo. Liderados por Tommy Doyle (Anthony Michael Hall), o garotinho que a personagem de Curtis tomou conta no filme original, Lindsey (Kyle Richards) cuja a babá foi morta pelo mascarado e a enfermeira Marion (Nancy Stephens), entre outros, a cidade está em alerta novamente com o vilão, que inesperadamente ressurge das cinzas, e solto para fazer novas vítimas. 

No desenrolar da história, a população se revolta contra Myers, e com os gritos de “O Mal morre hoje” vão a uma busca desenfreada (porém, sem nenhum tipo de estratégia), primeiro dentro do hospital lotado (terminando na morte de um inocente) e depois pelas ruas da cidade. 

Mortes a todo instante, cenas impressionantes e de querer virar os olhos de tão sanguinárias, é tudo que os fãs de filmes de terror gostariam de ver. Misturado com o sentimento de fúria dos habitantes da cidade, a reta final do filme é bem intenso e com pinta de que teríamos um desfecho feliz. ‘Halloween Kills – O Terror Continua’ é um dos filmes mais tensos de 2021. A figura horripilante de Michael Myers, que, pela falta de mira dos personagens e uma força sobrenatural ao sobreviver dos tiros/facadas, gera um sentimento de repulsa quando assistimos em tela pelas suas cenas boas e pesadas. Para sua alegria ou tristeza, o vilão estará presente no 13º filme da franquia, ‘Halloween Ends‘, que tem data programada para lançamento nos cinemas em 14 de outubro de 2022, e o que podemos ver é Laurie Strode liderando à caçada contra Myers, banho de sangue, pessoas sofrendo com suas perdas e totalmente descontroladas para encontrar o serial killer. Será que, enfim, a maldição vai embora? Teremos que aguardar daqui um ano.

‘A Casa Sombria’ – Terror “água com açúcar”

Protagonizado por Rebecca Hall, longa decepciona fãs do gênero

Por Antonio Lemos

(foto: divulgação)

Assistindo ao trailer, dava para imaginar que ‘A Casa Sombria’ iria prender e assustar os fãs do gênero terror. Nada feito. Apesar do nome, o longa não tem nada de assustador, e nem a boa atuação de Rebecca Hall – de ‘Godzilla vs Kong’, ‘Iron Man 3’, entre outros – foi capaz de segurar a produção de David Bruckner durante quase 110 minutos de duração.

Na trama, Beth (Hall) está em processo de luto por conta do suicídio inesperado do marido, Owen (Evan Jonigkeit). Segundo a personagem, eles estavam juntos há 14 anos. Ela tenta o melhor que pode para se manter bem, mas acaba tendo dificuldades por conta de sonhos e visões perturbadoras de uma presença na casa construída pelo casal em frente a um rio e afastado de tudo.

Em determinado momento, a protagonista começa a descobrir que o doce e gentil Owen não tinha nada de bonzinho. Ele esconde segredos obscuros – desde livros, estátuas, que parece àqueles bonecos de vudu e mulheres parecidas com a personagem, dando a crer que havia um relacionamento fora do casamento -, todos pertinentes à aparição de uma sinistra casa invertida do outro lado de um lago, que espelha a própria residência que moram.

Geralmente vimos em filmes de suspense/terror aquele ator/atriz principal fazer de tudo para solucionar o mistério. ‘A Casa Sombria’ é ao contrário. Bruckner consegue deixar o espectador tanto quanto confuso com Hall, que, quando imaginamos que o negócio é real, na verdade, é um dos ‘trocentos’ sonhos durante as noites de sono.

As duas partes usa altas doses de mistério e referências ao obscurantismo e macabro, porém, quando chega a reta final, o filme começa a criar aquele potencial de te enganar quando você acha que tem todas as respostas possíveis e um verdadeiro desfecho. O filme esquece todo o clima de terror psicológico e suspense, abusa dos clichês com o duelo do “ser humano do bem contra o espírito do mal” e dá uma solução bem “água com açúcar” com o desfecho da protagonista.

A conclusão deixa a desejar. Primeiro, deixa em aberto se teria alguma continuação, depois, pelo fato de contradizer com o próprio enredo. Por fim, o luto é romantizado e subjetivizado sobre aceitação da perda, que soa mais engraçada do que profundo. Além disso, o lado obscuro de Owen deixa um verdadeiro buraco. Afinal de contas: o que motivaria o personagem de Jonigkeit a fazer tudo isso?

‘A Casa Sombria’ não entrega o que vendeu nos trailers, sem uma conclusão digna e nem o ato final que mudou o tom do longa. Bruckner foca mais na atuação de Hall para entregar uma trama focada no luto e na aceitação da perda. Se procura terror, espíritos e suspense, o filme, que estreiou nesta quinta-feira (23), não é indicado.

‘Cry Macho’ – Clint Eastwood mostra que tem gasolina no tanque

Filme estreia em 16 de setembro e conta a história de um cowboy falido e um garoto rumo a uma inesperada jornada

Por Antonio Lemos

(Foto: divulgação)

Chegar aos 91 anos e continuar fazendo o que gosta é o sonho de muita gente. Conhecido pelas atuações nos longas western spaghetti, Clint Eastwood é proganonista de ‘Cry Macho: O Caminho Para a Redenção’, filme no qual é diretor, e chega aos cinemas a partir do dia 16 de setembro. Baseado no romance homônimo de 1975 de N. Richard Nash, o roteiro foi escrito por Nash antes de sua morte em 2000 ao lado de Nick Schenk.

Mike Milo é um ex-astro do rodeio e criador de cavalos fracassado no estado do Texas. Depois de ser demitido, ele retorna ao seu último trabalho em 1979 para ouvir a oferta de seu ex-empregador Howard Polk (Dwight Yoakam) para ver o seu filho, Rafo (Eduardo Minett). Bem que o próprio Polk poderia executar esta tarefa se não fosse por problemas com a lei além da fronteira. Para pagar uma dívida de gratidão pelo fato de ter ficado famoso e ter conquistado vários prêmios nas arenas, o personagem de Eastwood aceita e começa a sua jornada até o México.

Rafo é um adolescente de 13 anos e sofre tanto pelo abandono quanto pelos maus-tratos de sua mãe Leta (Fernanda Urrejola), uma cantora da noite mexicana e que manda soltar e prender qualquer um que ousar a lhe desafiar. Sem o carinho maternal, o jovem sobrevive nas ruas, e acaba metido em contravenções e rinhas de galos, na qual cria ‘Macho’. Ele não confia nem na própria sombra, quer se mostrar viril, mas no fundo ainda é uma criança cheia de mágoa pelo abandono do pai, que não o vê há anos.

No primeiro momento Milo desiste da missão, mas acaba sendo surpreendido pelo destino e o ex-cowboy acaba retomando sua tarefa e ambos vão para uma trilha difícil rumo aos Estados Unidos.

Durante sua passagem pelas estradas, a dupla aprende lições, e foragidos pelo capanga de Leta, Aurélio (Horacio Garcia-Rojas), eles se escondem em um viralejo e fazem amizade com a dona de um restaurante, Marta (Natalia Traven), uma senhora cheia de dramas pessoais, como a morte de sua filha e genro, na qual acaba cuidando de suas quatro netas, além do falecimento do seu esposo. No clima hospitaleiro da mexicana, todos acabam se cuidando e estreitam laços.

Com problemas no seu veículo, Milo é obrigado a ficar na cidade, com isso, arruma um bico adestrando cavalos e ensina o jovem Rafo a montar, em preparação para a rotina no rancho do pai. No restaurante de marta, o veterano cowboy é uma espécie de “faz tudo” desde a montagem de tortilhas até consertar coias. Além disso, a sua afinidade com os animais logo chega aos ouvidos da população e o personagem de Eastwood fica famoso como veterinário.

No final das contas, a missão é cumprida e Rafo reencontra o pai. E Milo, qual é o seu destino? É bom acompanhar até a última cena. ‘Cry Macho’ explora temas sobre a superestimada virtude do machismo e a descoberta de novas abordagens para a vida com a idade. O longa dá aos protagonistas a chance de escapar de um mundo regido pela brutalidade para seguir um novo caminho. Aos 91 anos, Eastwood segue atuando e produzindo muito bem, mostra que tem muita gasolina no tanque e não tem data para pendurar o seu chapéu de cowboy.

Uma noite de crime: Um novo ar para a franquia já batida

Por Gabriela Fontes

Franquia de Uma Noite de Crime ganha novo filme. (Foto: divulgação)

Ao falar sobre ‘Uma noite de crime’ é natural se lembrar da atmosfera que rodeia todos os filmes: a tensão durante o expurgo, a segurança falhando em defender os protagonistas e a urgência em sobreviver a noite mais perigosa do ano. Contudo, não é essa a intenção do novo filme. Seu cenário é diferente, rodeado de poeira, cavalos e os tão conhecidos chapéus de cowboys. Seus elementos compõem o clima do Texas, lugar onde a história é ambientada.

Seguindo a tradição das edições anteriores, autoridades parlamentares têm imunidade e não podem ser feridas durante o expurgo, é permitido o uso de armas de classe 4, serviços públicos e de emergência não funcionarão até as 7h da manhã do dia seguinte. Porém, diferente dos expurgos anteriores, esse não acaba quando o alarme ressoa anunciando o fim das 12h de agonia.

O longa mostra um país violento, sendo xenofóbico abertamente antes mesmo da noite de crime começar. Tudo parece ter voltado ao normal, até que seu ponto de virada acontece quando um repórter é assassinado ao vivo. O movimento #expurgoparasempre é mostrado como tendo dominado as redes sociais meses antes, incitando o ódio e levando a população a continuar o expurgo com o intuito de tornar a América boa de novo, limpando as ruas de qualquer um que destoe de seus ideais.

A forma de se salvar do caos é evidente desde o começo do filme, mas ao termos tantas informações jogadas em nossa face é difícil memorizar o que poderia ser feito. O cenário apocalíptico toma conta das ruas enquanto os protagonistas seguem até El Paso, tentando atravessar a fronteira para o México em busca de salvação.

Os personagens não são explorados como deveriam, suas motivações e histórias não são apresentadas de maneira clara. O enredo mostra as diferenças raciais entre seus protagonistas, assim como o discurso de um dos personagens ao dizer que “ser branco não torna ninguém melhor, mas cada um deveria permanecer em seu país”, porém pouco é explorado além disso. Em resumo, a receita dos filmes anteriores é repetida, porém sua história de superação torna a experiência razoável. Sem nenhuma novidade, apenas podemos esperar para ver se a franquia ganhará mais filmes com a mesma história.

‘Caminhos da Memória’ – Filme para pensar e viver o presente

No primeiro trabalho de Lisa Joy nas telonas, filme mostra um clima futurista, resgate das memórias do protagonista, mas derrapa no roteiro

Por Antonio Lemos

Caminhos da Memória estreia nos cinemas. (Foto: divulgação)

Como seria se você pudesse pegar um registro de sua memória para conferir onde guardou seus objetos pessoais? Ou melhor: relembrar as boas lembranças de muitos anos atrás? Essa é a temática de ‘Caminhos da Memória’ (“Reminiscence”), lançamento da Warner Bros Pictures, que chega aos cinemas em 19 de agosto. Conhecida por seu trabalho como co-criadora de ‘Westworld’, série sci-fi da HBO, Lisa Joy usa e abusa do clima futurista e o resgate das memórias durante quase duas horas de filme.

“Você vai embarcar numa jornada. Uma jornada pela memória. Só o que tem a fazer é seguir a minha voz.”. Vocês ouvirão muito Nick Bannister (Hugh Jackman) dizer isso durante o longa, que passa no futuro – que pode ser bem próximo como podemos imaginar – com Miami e cidades costeiras submersas por conta do aquecimento global, calor intenso a ponto de as pessoas dormirem durante o dia e trabalhar em busca da sobrevivência no período noturno, e um cenário de desigualdade social com os ricos sãos e salvos em terra firme, enquanto os pobres estão largados nas ruas e com água para todo lado.

O personagem do “eterno Wolverine” é um veterano de guerra cujo emprego atual envolve o uso de uma máquina capaz de transportar as pessoas de volta às memórias do passado. Ao lado de Watts (Thandiwe Newton), ele dá aos clientes a chance de reviver a época antes da destruição, relembrar um parente falecido, investigar o passado de alguém para solucionar casos criminosos ou descobrir onde você deixou simplesmente um par de chaves. É por meio deste último item que sua vida começa a mudar ao se apaixonar pela estonteante Mae (Rebecca Ferguson). Logo de cara, a química dos dois é capaz de sair faísca, e todo esse jogo de atração e romance vira uma perigosa obsessão após o desaparecimento da moça e Bannister descobrir que ela não é bem aquela mulher por quem se apaixonou.

Os três protagonistas são essenciais para o funcionamento da trama. No papel do investigador, Jackman mostra uma boa química com Ferguson e consegue dar impacto necessário para as cenas de drama. Já Newton passa por um verdadeiro arco, cresce dentro do longa e mostra cumplicidade com Bannister.

‘Caminhos da Memória’ é aquele típico filme no qual precisa ficar com os olhos bem abertos para não ficar perdido. O filme abre espaço para focar nas consequências de olhar muito para trás e não para o presente, e percebemos isso na reta final, onde acontece uma reviravolta e não vamos estragar sua experiência em contar o que rolou. Vale o mistério nessas horas!

O porém do filme de Joy é o seu roteiro, que peca quanto ao desenrolar da trama, e por mais que seja “para pensar”, alguns desfechos nos deixam um pouco perdidos em algumas cenas. A Warner Bros. erra ao vender aquele clima “feliz” em sua conclusão, o que de fato não acontece e nem combina com o trabalho da autora.

No geral, o longa é bem produzido e consegue equilibrar efeitos especiais, trilha sonora e cenários naturais, além de contar com boa atuação romântica da dupla Jackman-Ferguson. A história é boa de assistir, faz pensar sobre não ficar tão apegado com o nosso passado e viver o presente intensamente, mas não espere algo fora do normal e surpreendente.

O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família – “Podemos dar uma chance”

Animação da DreamWorks empolga um pouco com relação ao antecessor, mas sua continuidade não era necessária

Por Antonio Lemos

Geralmente ficamos com um pé atrás quando uma obra ganha sua sequência. Na maioria das vezes, o original é melhor e suas continuidades deixam a desejar. Isso funciona para filmes, álbuns do seu artista preferido, séries, etc. ‘O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família’ empolga um pouco com relação ao primeiro e é aquele tipo de filme que “podemos dar uma chance”.

Lançado em 2017, ‘O Poderoso Chefinho’ conquistou o público pela leveza da história e aquela união fraternal entre irmãos se mantendo em sua sequência. No primeiro longa, Tim Templeton foi atormentado pelo seu irmão mais novo Ted, que usa terno e trabalha numa empresa chamada “BabyCorp”. Na sua continuação, há uma aceleração na primeira parte, mostrando que fim levou os irmãos. Enquanto Tim vira um pai de duas filhas, mantendo a sua imaginação fértil e buscando restabelecer a relação familiar, principalmente com a mais velha, Tabitha, Ted é CEO de uma grande empresa, vive de forma solitária e só tem tempo para o trabalho.

O Poderoso Chefinho 2 chega aos cinemas. (Foto: divulgação)

A história consiste em um professor, chamado Dr. Armstrong, passando a imagem para os alunos de que os pais são um “atraso” na vida das crianças, o que vem sendo um grande problema para a BabyCorp. Além disso, a instituição mostra o poder competitivo da garotada em serem os melhores da turma.

Enquanto isso, na casa da Família Templeton, a filha mais nova Tina rouba a cena e segue os passos do tio Ted, em uma nova aventura para salvar o mundo. Para que a missão seja concluída com sucesso, os protagonistas viram crianças e são infiltrados na escola de Tabitha para saber qual é o plano do vilão.

A trama ainda é rica de referência a cultura pop, como por exemplo, um despertador que Tim tem em forma de um mago, fazendo uma alusão ao ‘O Senhor dos Anéis’, e um elenco de apoio completamente hilário: Preciosa, um pônei que Ted deu para suas sobrinhas; e a “Menina Sinistra”, que parece aqueles personagens de filmes de terror. O jeito assustador chega a ser engraçado em determinadas cenas. Além disso, piada não pode faltar. A cena em que Tabitha e o pequeno Tim ensaiavam para o recital, e a menina canta tão mal, a ponto do peixe implorar para que ela pare é engraçado demais.

A mensagem que o vilão tenta passar no filme pode tornar perigoso para os pequenos, no sentido dos pais “atrasarem” o desenvolvimento infantil e que a escola “doutrina” as crianças. Mas na verdade, não são todas as instituições, e sim, aquele educandário em questão.

No geral, ‘O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família’ mostra sua leveza, referências, piadas, mas a história é bem clichê, sabendo durante mais de 90 minutos o que realmente vai acontecer. A relação familiar fica em segundo plano e surge de modo apressado, sem causar muita comoção ou reflexão. É um filme que certamente vai contagiar os menores e sua continuação não era necessária, pois já tem uma série na Netflix que dá sequência ao seu enredo. Mas como disse: “podemos dar uma chance” e assistir sem culpa na consciência.