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Uma noite de crime: Um novo ar para a franquia já batida

Por Gabriela Fontes

Franquia de Uma Noite de Crime ganha novo filme. (Foto: divulgação)

Ao falar sobre ‘Uma noite de crime’ é natural se lembrar da atmosfera que rodeia todos os filmes: a tensão durante o expurgo, a segurança falhando em defender os protagonistas e a urgência em sobreviver a noite mais perigosa do ano. Contudo, não é essa a intenção do novo filme. Seu cenário é diferente, rodeado de poeira, cavalos e os tão conhecidos chapéus de cowboys. Seus elementos compõem o clima do Texas, lugar onde a história é ambientada.

Seguindo a tradição das edições anteriores, autoridades parlamentares têm imunidade e não podem ser feridas durante o expurgo, é permitido o uso de armas de classe 4, serviços públicos e de emergência não funcionarão até as 7h da manhã do dia seguinte. Porém, diferente dos expurgos anteriores, esse não acaba quando o alarme ressoa anunciando o fim das 12h de agonia.

O longa mostra um país violento, sendo xenofóbico abertamente antes mesmo da noite de crime começar. Tudo parece ter voltado ao normal, até que seu ponto de virada acontece quando um repórter é assassinado ao vivo. O movimento #expurgoparasempre é mostrado como tendo dominado as redes sociais meses antes, incitando o ódio e levando a população a continuar o expurgo com o intuito de tornar a América boa de novo, limpando as ruas de qualquer um que destoe de seus ideais.

A forma de se salvar do caos é evidente desde o começo do filme, mas ao termos tantas informações jogadas em nossa face é difícil memorizar o que poderia ser feito. O cenário apocalíptico toma conta das ruas enquanto os protagonistas seguem até El Paso, tentando atravessar a fronteira para o México em busca de salvação.

Os personagens não são explorados como deveriam, suas motivações e histórias não são apresentadas de maneira clara. O enredo mostra as diferenças raciais entre seus protagonistas, assim como o discurso de um dos personagens ao dizer que “ser branco não torna ninguém melhor, mas cada um deveria permanecer em seu país”, porém pouco é explorado além disso. Em resumo, a receita dos filmes anteriores é repetida, porém sua história de superação torna a experiência razoável. Sem nenhuma novidade, apenas podemos esperar para ver se a franquia ganhará mais filmes com a mesma história.

A lenda de Candyman: Muito mais do que apenas um mito

Por Gabriela Fontes

A Lenda de Candyman. (Foto: divulgação)

O filme não se trata apenas de mais uma história de terror, seu vilão é mais frio e violento. Sua narrativa é crua, trazendo desconforto com cada mensagem política e manifesto contra o racismo, nos mostrando que os verdadeiros vilões não são monstros escondidos em espelhos ou embaixo de nossas camas, mas sim vivem como qualquer pessoa normal com sua verdadeira face em meio ao sofrimento dos negros.

O roteiro assinado por Jordan Peele (‘Nós’ e ‘Corra’), Win Rosenfwld (‘Infiltrados na Klan’) e Nia (‘The Marvels’), usa uma das lendas urbanas mais conhecidas dos Estados Unidos para mostrar a realidade vivida pela população negra de Chicago.

A invocação

A Lenda de Candyman. (Foto: divulgação)

A Lenda de Candyman conta a história de um pintor promissor e pouco conhecido no meio da arte, que vem buscando se reinventar para se manter relevante. Após perceber que estava fazendo o mesmo de suas obras antigas, busca inspiração na lenda urbana de Candyman, um assassino que aparece por meio de reflexos a quem falar seu nome cinco vezes em frente a um espelho.

O filme mescla o sobrenatural, nos mostrando a forma com que Candyman mata suas vítimas, e a realidade com a tensão racial nos bairros e a violência policial para com a população negra. A ideia do longa é debater temas presentes com a tensão psicológica já usada por Peele em outros filmes e mais uma vez que o terror não precisa ser apenas de forma abstrata, mas sim que podemos encontrar crueldade em cada esquina.

Contudo, o longa pouco passa tanta tensão se tratando de seus outros personagens. Enquanto o protagonista vive em uma atmosfera aterrorizante, seus coadjuvantes estão claramente seguros, não trazendo qualquer tipo de preocupação ao telespectador a respeito do que poderia acontecer com os mesmos.

Veredito

O filme mostra claras referências ao de 92 (‘O mistério de Candyman’), ainda que sua magia seja menor. Isso não o torna ruim, claro. Ele cumpre o que havia prometido nos trailers e ainda mostra a essência de Peele em cada cena de violência, com seu humor ácido e trilha sonora que incomoda até mesmo o mais ignorante dos ouvintes.